Os números de produção e vendas divulgados pela Anfavea mostram uma situação inusitada a muito tempo: a queda dos emplacamentos de caminhões pesados em relação às outras categorias caiu pela primeira vez em muito tempo.
No momento que o setor comemora a venda de 1 milhão de veículos em 2025, as perspectivas são bem neutras para a indústria de caminhões, que amarga os reflexos de uma taxa de juros de praticamente 15%, alcançada com a crescente alta da taxa Selic.
Como o PIB é que vende caminhão, a inercia dos segmentos de serviços e indústria, cujos números no primeiro trimestre registraram 0,3% e menos 0,1%, respectivamente, refletem o marasmo do mercado na compra de pesados. As vendas têm sido sustentadas pela força da agroindústria, que mostrou vigorosa evolução de 12,2% no trimestre.
“Os juros altos têm contido o empresariado de transportes na hora da compra. Na esperança de que o viés de alta se reverta, transportadores e operadores logísticos resolveram adiar os planos de renovação de frota, o que causou essa queda na venda de pesados”, analisa Marco Saltini, diretor da Anfavea para Caminhões e Ônibus.
Juros proibitivos
Assim, as vendas de pesados em maio caíram 4,2% em relação a maio de 2024 e, no acumulado do trimestre decresceram 1,2%. A boa surpresa ficou com as picapes de até 3,5 toneladas que cresceram 72,8% no mês e 19,3% no trimestre.
Os emplacamentos de caminhões e ônibus chegar a 11,1 mil unidades. “As vendas de semipesados compensaram em parte a queda dos pesados”, acrescenta Saltini.
Já o segmento de ônibus mostrou sua força. No mês de maio, a evolução sobre o mesmo mês do ano passado chegou a 51,4%, enquanto no acumulado do trimestre o crescimento de emplacamentos alcançou 35,8%.
“Um feito e tanto, já que o maior mercado do Brasil não está comprando”, lembra o executivo. A legislação paulistana proíbe a compra de coletivos diesel.