Setcesp: renovação requer nova abordagem
Tema recorrente entre as empresas do Transporte Rodoviário de Cargas, a discussão sobre a emissão de poluentes merece atenção. Para que as ideias de um mundo mais sustentável saiam do papel, programas são criados para reduzir o impacto no meio ambiente, como é o caso do Euro 6 e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) na sua fase 8.
“Com a popularização do P8, a expectativa é de que tenhamos menores índices de emissões com claro benefício ao meio ambiente”, afirma o presidente do Setcesp, Adriano Depentor. A vigência do programa que obriga a compra de veículos novos P8 nas estradas brasileiras, a implantação do modelo tornou-se um desafio.
O que ocorre é que os modelos de veículos com os componentes necessários para serem considerados dentro do programa possuem um preço mais alto, o que dificulta a atualização da frota.
Carestia
De acordo com o presidente do Setcesp, o valor dos veículos com tecnologia Euro 6 é 30% maior do que os anteriores. “O caminhão já possui um custo elevado para as empresas. Quando falamos dessas novas versões, a compra se torna um desafio ainda maior. É preciso entender que o transportador enfrenta muitos custos”.
Além da questão tributária, que impacta toda a cadeia logística, segundo o dirigente, no Brasil, o mercado de venda de caminhões com novas tecnologias não está aquecido.
Segundo dados da Anfavea compilados até outubro de 2023. O segmento acumulava 88.450 unidades emplacadas nos primeiros dez meses do ano, um recuo de 14,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 103.958 veículos foram comercializados.
Efetividade
Para o presidente do Setcesp, o estabelecimento de um plano de renovação de frota é sim uma solução. “Se houvesse um programa que tirasse o veículo mais antigo das operações de transporte com o devido cuidado para proporcionar dignidade e remuneração sustentável ao operador do veículo antigo, teríamos um programa eficaz e o caminho para erradicação dos maiores emissores”, diz ele.
Além de estabelecer melhores condições de trabalho aos motoristas profissionais, o Programa de Renovação de Frota pode modernizar equipamentos internos aos caminhões, reduzir a emissão de poluentes, dar maior eficiência aos custos operacionais e aumentar a rentabilidade das empresas envolvidas neste processo.
“A idade da frota é um dos pontos que considero mais importante na questão ambiental, porque não adianta ter tecnologias cada vez mais potentes em termos de redução de poluentes, mas não conseguir coloca-la no mercado e não substituir aquela tecnologia antiga que está rodando”, afirmou o diretor Técnico da Anfavea, Henry Joseph Jr, em recente evento de ESG realizado pelo Setcesp.
Para que a implantação da renovação da frota tenha sucesso, Depentor pondera que o preço dos veículos seja ajustado à realidade do mercado. “O custo de um novo produto é um desafio, é necessário que ele seja similar ao que temos. Se vier com preço acima do que podemos pagar, uma das consequências pode ser a retração de mercado”.