Scania lança ônibus elétrico no Brasil
A Scania comemora um ano de grande crescimento no seu negócio ônibus, onde comemora 137% de evolução nas vendas, resultado mais que duas vezes superior ao alcançado pelo mercado como um todo, que registrou 51% a mais nas comercializações.
Para brindar esse sucesso, a montadora acaba de apresentar o K 230E B4x2LB, seu primeiro ônibus elétrico a ser produzido no Brasil a partir de março do ano que vem. O veículo estará exposto na LatBus 2024, que será realizada de 6 a 8 de agosto no Expo Imigrantes em São Paulo. Lá também iniciará seu ciclo de vendas.
Oferecido com quatro ou cinco pacs de baterias, o B4x2LB tem motor elétrico Scania, câmbio Scania e bateria Scania-Northvolt, importados. Na primeira opção (4 pacs) consegue uma autonomia de 250 quilômetros e na segunda 300 km, o bastante para atender as exigências da SPTrans, o órgão que regulamenta o transporte por ônibus na capital paulista.
Testes de chassi
O elétrico Scania vem sendo desenvolvido pela engenharia da montadora há bastante tempo, praticamente desde 2019, quando o foco passou a se concentrar em soluções que visam a oferecer produtos com CTO mais atrativo.
Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Produto conta que o ponta pé inicial foi dado sobre um chassi C europeu com capacidade para 70 passageiros. Logo a engenharia percebeu que não seria assim tão simples, necessitando de vários acertos para deixar o veículo menos “melindroso” com os esforços severos proporcionados pela nossa infraestrutura de campo de provas e topografia também muito acidentada.
O “pobre” chassi C chorou na rampa. A carroceria começou a mostrar elevado nível de ruído, fruto da rodagem de teste em regiões da Colômbia e Brasil. Reforços eram necessários.
Chassi K
Depois de várias tentativas, o pessoal técnico da Scania resolver usar como plataforma o chassi K já consagrado no país por sua robustez e flexibilidade. Foi possível até ampliar a capacidade de carga para 80 passageiros.
A oferta será assim. Comprimentos possíveis de 12 e 14 metros. Um pac de baterias na traseira e quatro outros no teto, deslocáveis para se adaptar perfeitamente aos diversos tipos de carrocerias e encarroçadores.
“É com muito orgulho que lançamos o primeiro ônibus elétrico 100% Scania do Brasil. Estamos vivendo um ano muito especial para a história da marca no país. Às vésperas de comemorar nossos 67 anos de Brasil, iniciamos mais uma jornada de transformação”, afirma Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil. A fábrica de elétricos em São Bernardo do Campo será a terceira do mundo da marca.
Em março na linha
O executivo completa: “A modernidade da eletrificação estará materializada em nossa fábrica. A partir do início da produção do ônibus elétrico, em março de 2025, a Scania não será mais a mesma”.
“Nossos clientes serão convidados a embarcar conosco nesta nova viagem no principal Salão de Ônibus da América Latina, a Lat.Bus, em agosto. Aliás, aproveitando, vamos oferecer uma condição especial de preço de lançamento na LatBus”.
Falando em preço, o elétrico K230 ficará por volta de R$ 3,2 milhões. O chassi responsável por R$ 2 milhões, a carroceria por cerca R$ 1,0 milhão e as baterias orçadas em R$ 200 mil.
Funding verde
O Scania Banco oferecerá um financiamento via funding verde, o mesmo usado para o modelo a gás, com taxa de juros referencial de 0,79%, muito competitiva”, avisa. “Mas, é necessário reforçar que nossa linha a diesel continuará disponível e entregando o menor custo total de operação, além da gama a gás”.
Nucci acrescenta que as empresas continuarão com as várias opçôes de mobilidade. O produto elétrico reforça o portfólio e não substitui outra matriz energética atualmente comercializada, salienta.
E mais, a parceria entre a Scania, Eletra, Caio (carroceria) e Weg (motor e bateria), em um outro produto elétrico, firmada em 2022, segue normalmente. “Neste formato de negócio, a Scania fornece apenas o chassi. São veículos completamente diferentes”, conta Nucci.
Potência de 310 cv
As autonomias de 250 a 300km foram testadas e aprovadas sob condição severa-extrema com ar-condicionado ligado e topografia irregular, e opções de quatro ou cinco pacotes de baterias. A capacidade média para 80 passageiros foi medida na configuração piso baixo ou normal.
“Vamos começar pela tração urbana 4×2 e potência de 230kW. Será um ciclo normal de aprendizagem de mercado, analisando as demandas dos clientes, como se desenvolverá a infraestrutura para atender aos veículos elétricos no Brasil. Ou seja, é uma jornada que não depende apenas da Scania”, observa Gallao.
A máquina elétrica oferece 230kW, o que equivalente a 310 cavalos. Trata-se de um motor ligado a um câmbio com duas marchas. “Ele vai modular nessas duas marchas e conectar no eixo traseiro. O ônibus tem um carregador de 130 kW, numa capacidade de carregamento de 150 a 170 minutos”, comenta.
O propulsor batizado de EMC 1-2, tem potência contínua de 230kW a 1.750 rpm e torque máximo de de 2.2 rpm (curva plana em regime contínuo) e potência de pico de 300kW a 1.400 rpm. “No motor a combustão tradicional, o máximo torque é obtido após a aceleração contínua. Este elétrico é diferente. Ele já desenvolve o pico de torque em zero rotação, ou seja, assim que sair da imobilidade”, afirma Gallao.
Custo menor
O motor tem construção e design simples para facilitar a manutenção. Portanto, seu custo de manutenção é mais baixo comparado aos motores de combustão interna. Há também outra vantagem: menos ruído, o que aumenta a suavidade durante a operação. A caixa de transmissão de duas marchas traz maior confortoe eficiência em aclives e estradas irregulares.
Na interface de carregamento, ele transforma a energia que recebe de um carregador externo, que neste primeiro momento será importado. “Nós já estamos avaliando os carregadores de mercado, que giram em torno de 150 a 180kW. Teremos a liberdade para desenvolver uma solução localmente”, explica Gallao. O carregador proporciona maior segurança na recarga reduzindo o risco de acidentes. O sistema de manutenção é simples para diminuir o custo com trocas por danos na interface de carregamento.
Opção nos pacs
O módulo traseiro foi redimensionado e reforçado pra receber não só o motor, mas também as baterias de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), diferentes da maioria das usadas atualmente no mercado que são de LFP (lítio-ferro-fosfato). As baterias de NMC dispõem de uma maior densidade de carga, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros.
Um dos diferenciais é que as baterias serão modulares, facilitando a distribuição de carga, em pacotes de 104 kW. “Daremos a escolha ao cliente de equipar o produto com quatro ou cinco pacotes de baterias. Dessa forma, poderemos configurar as baterias em opções de três pacotes no teto e uma no fundo do ônibus, ou quatro baterias no teto e uma na posição traseira”, diz Gallao.
A durabilidade das baterias é garantida por um sistema de refrigeração das baterias, também instalado na traseira do veículo. O sistema faz parte do modulo de gerenciamento das baterias. Cada pac de baterias pesa 600 quilos. Vida útil estimada de 1,2 milhão de quilômetros.
As baterias serão importadas da Suécia via parceria entre Scania e a Northvolt, que as desenvolvem em conjunto para veículos elétricos, num acordo firmado em 2017, entre as líderes em sustentabilidade. Em 2023, a Scania inaugurou uma nova fábrica de baterias em Södertälje, na Suécia, onde células de bateria são montadas para caminhões e ônibus elétricos pesados.
Em desenvolvimento
Outros melhoramentos continuam a receber melhorias, especialmente quanto aos periféricos. A durabilidade dos pneus é uma delas.
Por várias circunstâncias o consumo de pneus é o dobro que o dos veículos a combustão, particularmente pela capacidade de aceleração do elétrico.
Em parceria com a Goodyear, a Scania colabora para o lançamento de um pneu especialmente desenvolvido para elétricos, com borracha mais dura e maior espessura do talão.