Ônibus: crise de produção

Ônibus: crise de produção

13/07/2022

A indústria automobilística brasileira vive um momento surreal. Os compradores querem comprar e os produtores não conseguem produzir. Não se trata de nenhum lockout, nada disso, simplesmente há uma crise de fornecimento de insumos notadamente dos eletrônicos, hoje essenciais.

A situação acontece especialmente nas montadoras de chassis de ônibus. Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, espera ansioso pela normalização do fornecimento de peças e componentes rápido, embora saiba que é algo impossível a curto prazo. De qualquer maneira ele se anima com os sinais de melhora do mercado de ônibus no pais, que registrou vendas de 3 mil unidades nos últimos dois meses.

Hoje o país vive uma situação inusitada: a crise de produção. “Todo mundo quer comprar, mas não há como entregar”, lamenta ele. Apesar disso, os números da Mercedes-Benz confirmam sua liderança de mercado. No total ela detém 50,1% de market share no momento.

Entre as várias categorias só lhe escapa a liderança nos ônibus escolares, mesmo assim com uma participação de peso, 30,6%. Nas demais a marca é absoluta: nos urbanos sua fatia é de 72%; no fretamento chega a 43,5% e nos chassis rodoviários alcança 75%. No mercado total a participação da Mercedes-Benz evoluiu 27%, de 38,3% de participação em 2021 para 50,1% este ano.

“O ano deve fechar positivo – diz Barbosa -, apesar dos grandes desafios enfrentados as vendas podem variar na faixa de 17 mil a 21 mil unidades”. A faixa alongada é culpa das dificuldades: a escassez do suprimento, a alta taxa de juros, cadeia logística, falta de crédito, queda no ipk das viações e aumento exagerado dos custos operacionais.

Em contrapartida a animação vem do ano eleitoral, a disposição de aumento nas tarifas pelas prefeituras, compras governamentais, pré-buy de compras de Euro 5 para escapar da alta com os novos Euro 6; ano eleitoral e alta da demanda em todas as categorias, exceto o fretamento, devido ao crescimento do home Office.

Juros aumentaram 100%

“De qualquer maneira temos mais oportunidades que desafios”, ameniza  Barbosa. Ele lembra de encomendas estratégicas como as 10 mil unidades do programa Caminho da Escola. “Dificuldade é aliviar o impacto causado pelo aumento de 100% na taxa Selic, de 6,5% para 13,25%”, reclama, fazendo uma comparação com janeiro de 2021.

O descompasso entre custos e preços finais é algo difícil de equilibrar. O aço subiu 125% e quase todos os outros insumos aumentaram em porcentagens de dois dígitos. Uma nova porta, porém, está prestes a abrir: a entrada da Mercedes-Benz para valer no mercado de ônibus elétricos. (veja matéria)

revtransporte

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