IAA 2024] Motores diesel voltam a brilhar
Ao contrário das edições anteriores, a IAA Transportation deixou de ser música de mesma toada para dar uma forte guinada, com o retorno dos motores à combustão aos estandes da exposição.
Não que as alternativas com motores elétricos estejam deixando a ribalta, mas com certeza passaram a dividir espaço com outras opções. Os propulsores diesel de máxima eficiência ganharam destaque assim como soluções como o gás e os célula de hidrogênio também se apresentaram.
Na realidade caiu a ficha quanto ao fato de os investimentos necessários à instalação de infraestrutura de carregamento para os elétricos é extremamente complexa e onerosa e que os diesel ainda têm muita história para contar.
Soluções viáveis
A Scania, por exemplo, estacionou cinco soluções no seu espaço da IAA. Lá estavam duas opções de elétricos, uma de gás (LNG/CNG), um R 460 G 460 Br e ainda um R 660 4×2 e um R 770 na parte externa do evento.
Marx Ivanovik, gerente de Engenharia de Aplicações de Oferta de Soluções Scania Operações Comerciais Brasil, reflete sobre o potencial das opções disponíveis: ”Os motores diesel não deixaram de evoluir e dão mostras disso”.
Prova disso é que o Scania Super acaba de ganhar o prêmio Green Truck 2024, tendo alcançado o consumo de 4,23 km/l com seu peso pouco superior a 7 t e velocidade média de 79,70 km/h. Para o executivo, especialmente para as aplicações de longa distância, os tratores diesel ainda têm vida longa.
Gás é opção
A alternativa gás também é viável. Seu longo alcance é possível com os oito tanques, quatro de cada lado de 95 litros. Se ainda tiver um tanque mochila atrás da cabina pode chegar até 1.160 litros, o que lhe permite longas jornadas.
“Certamente estamos diante de um futuro eclético, com múltiplas soluções”, vaticina Ivanovik. Boa parte desse mercado também contará com o veículo elétrico e a evolução das baterias como as CATL com mais de 200 W/h.kg, enquanto a maioria hoje não vai além de 150. Mas ainda é pouco. Segundo ele a densidade energética deveria ser cinco vezes maior.
Os carregadores, para acelerar a reposição e diminuir tempo de parada, devem ter capacidade superior a 300 kW. Os motores da solução Scania elétrico pesam 470 quilos para aliviar ao máximo a tara do veículo. Para a mesma faixa de operação um motor diesel de 13 litros chega a 1,3 tonelada, com a transmissão.
Lucro é diesel
“Hoje no Brasil as empresas compram um ou dois caminhões elétricos. Não querem mesclar a frota. Usam os elétricos como marketing, não para fazer lucro”, observa Ivanovik.
Pelo menos por enquanto. Com a crítica falta de infraestrutura e custos de aquisição exorbitantes, o aporte maciço nos elétricos significaria investir na própria perda de competitividade.
Para o executivo, a melhor alternativa para o Brasil, por enquanto, é o gás, mesmo com o persistente problema da falta de infraestrutura.