“Nosso sistema Euro 6 poupa R$ 40 mil/ano”

O diretor Comercial da DAF Caminhões Brasil, Luis Antonio Gambim, é o entrevistado da RT e detalha os planos da montadora no Brasil. Às vésperas de completar 10 anos no país a empresa tem crescido a uma taxa acima da média. 

Com uma filosofia de crescimento firme e constante, a DAF Brasil deve chegar à participação de 10% do mercado no ano que vem. Conta para isso com os semipesados e novos segmentos como o fora de estrada.

Graças à estratégia de implantar a plataforma do Euro 6 no Brasil em downspec (redução de especificação) como Euro 5, a DAF lançou seus Euro 6 com um acréscimo de 15% sobre as versões, enquanto os concorrentes variam de 20 a 25%. Conheça as novidades da montadora para o próximo ano.

Revista dos Transportes – A DAF tem evoluído consistentemente no Brasil e hoje já participa dos mercados de caminhões pesados e semipesados. Como exposto aqui na Fenatran, a empresa aposta no caminhão elétrico como melhor opção ao diesel? 

Luís Gambim – Desenvolvemos várias alternativas e continuamos a estudá-las, desde os veículos a célula de hidrogênio, híbridos, elétricos e outros. Cerca de 30 dias atrás estivemos na California, em visita ao Vale do Silício, com toda a nossa rede, mostrando o estágio de nossos estudos nesta área, porque existe muito barulho dos concorrentes. A Paccar, por exemplo, tem o caminhão autônomo mais moderno e operacional dos Estados Unidos, que roda em rodovias daquele país. 

E os elétricos como o DAF LF?

Na Europa o LF elétrico já é um sucesso, também assim que a produção já alcançou três unidades por dia. Na região já rodam mais de 2 mil caminhões do tipo, o mesmo ocorrendo nos Estados Unidos. No Brasil nos temos uma infraestrutura que comporta essa alternativa?

Em São Paulo, a Prefeitura já obriga a aquisição de ônibus elétricos.
Serão mais de 2 mil no primeiro ano…

Este é o segundo ponto. Subsídios e incentivos do Governo. A partir do momento que tivermos uma política clara – esta que você citou é uma política de São Paulo -, que demanda os investimentos necessários para produzir esses caminhões aqui, então valerá a pena pensar nisso. A mensagem que deixamos é que, a partir daí, de constatarmos uma demanda por parte de nossos clientes, passaremos a produzir o caminhão aqui. Por isso, já o mostramos. A princípio já poderíamos ter cabine, chassi e centrais elétricas produzidos no Brasil. Mas um caminhão desse colocado no Brasil custa três vezes mais que um convencional a diesel.

Qual é a prioridade da DAF hoje? 

Nossa prioridade no momento é investir em veículos como os off road, que têm um mercado totalmente consolidado no país. Um segmento que fortaleceria ainda mais nossa rede, com o aumento da demanda por assistência técnica e peças de um setor de operação severa e intensiva. Enquanto isso, o que o elétrico acrescentaria em termos de agregar valor à rede, muito pouco.

Qual será a frota rodante da DAF ao final deste ano?

Devemos fechar o ano com 25 mil unidades vendidas entre pesados e semipesados, um desempenho muito positivo. Hoje a linha amarela já chega próximo aos 10 anos e com um valor de revenda muito bom. Além disso, agora o cliente DAF também pode optar pelos semipesados da marca, que também carregam a tradição da DAF de resistência e economia. 

A DAF comemora 10 anos no mercado brasileiro em 2023, a frota rodante já apresenta números consolidados e a empresa prestes a conquistar os 10% de mercado, podemos esperar um departamento exclusivo para revenda de seminovos?  

Pelo volume de operações que o negócio está apresentando devemos sim lançar um departamento especializado na venda de seminovos. Afinal, os caminhões de 2014 devem começar a ser comercializados mais fortemente a partir do ano que vem. Pelo volume que prevemos que chegará a renovação, cerca de 2.000 caminhões, devemos criar algo assim. Temos na Europa um programa desse tipo, o First Choice, “Primeira Escolha” e estamos esperando o momento certo para trazer o programa para o Brasil.

O que o “First Choice” tem de especial?

Ele cria um selo especial de qualidade, no qual o caminhão volta para a companhia depois da vida com seu comprador original. Ele passa por todas as inspeções e no final é vendido, em perfeitas condições, com um ano de garantia. O veículo é comercializado com plano de manutenção, pode ser financiado pela Paccar Financial e dispõe de ampla rede de assistência técnica. Tudo está sendo estudado.

Os novos clientes já são representativos?

As vendas que incluem o usado como parte do financiamento de um novo são um sinalizador real dessa tendência. Nessas transações temos recebido mais caminhões de outras marcas do que os DAF em renovação. Hoje, estamos com um aumento substancial da carteira de novos clientes. Atualmente contamos com quase sete mil clientes. 

A rede está feliz então …

Com os veículos DAF 2014 em vias de forte renovação a partir de agora e serviços em alta em todos os 60 pontos de atendimento, acredito que sim. Aliás, contar com 60 revendas, instaladas ao longo de apenas 9 anos, é algo a se comemorar. Ainda mais no nível em que essas casas estão instaladas e operadas por pessoal técnico de alta qualidade. Para ilustrar, a nossa rede investe 50% dos lucros em novas operações.

Nesta Fenatran, a DAF está exibindo caminhões com uma diversificada gama de potências e torques em cada segmento, a ideia é atingir o máximo de aplicações?

 Na linha do motor PX 7, um propulsor totalmente renovado, oferecemos três gamas de potência, 260 cv, 290 cv e 310 cv. Nos motores de 11 litros temos potências de 340 cv, 370 cv e 410, segmento onde vem se destacando o modelo 8 x 2, com grande aceitação. Nos XR temos potências de 480 cv e 530 cv que cobrem boa parte do mercado.

O que esses motores oferecem ao transportador?Nosso motor Euro 6 é o mais testado e preparado que vai entrar no mercado. A explicação é que trouxemos os caminhões em 2020 para o Brasil, já era Euro 6 na Europa, trouxemos a mesma plataforma para o país e fizemos um downspec (redução de especificação) para que atendesse a legislação Euro 5 no Brasil. Este motor teve por aqui vendidas 13 mil unidades, com resultados excepcionais.

Como é a mesma plataforma a DAF passa a ter caminhões mais competitivos?

Exatamente. Testado e aprovado. A única diferença que temos é o sétimo bico injetor a frio e um sistema que não consume Arla e não contamina o óleo. Quando o sistema é a quente o risco é maior, tanto assim que algumas marcas têm dois bicos para resfriar o Filtro DPF. Nossos motores conseguem um consumo de 5% de Arla, bem abaixo dos propulsores de outras marcas. Fizemos as contas e os gastos com Arla são R$ 40 mil/ano a menos de despesa que os motores da concorrência. Isso equivale a duas mensalidades do financiamento. Além disso, nosso filtro DPF também mostra grande eficiência: alcança 540 mil km.

Quanto os novos caminhões vão custar a mais que os Euro 5?

Graças à utilização da mesma plataforma já consagrada no Brasil nossos Euro 6 chegam ao mercado custando 15% mais que a versão anterior. A plataforma base rodou milhões de quilômetros em operações regulares e foi muito bem. A diferença de preço, pequena em comparação com as anunciadas pela concorrência, significa uma grande economia no preço inicial quando se pensa em frota.  

Como está a evolução do Paccar Financial, o braço financeiro da DAF?

Está indo muito bem. A carteira do Paccar Financial já alcança R$ 2,5 bilhões e tem contribuído bastante com o sucesso da DAF. Com esse aporte, o PF chegou, em apenas três anos, à posição de número 72 entre todas as instituições brasileiras da área. Neste pequeno período, o Paccar Financial é responsável por 35% das nossas vendas.

A rede de concessionárias já está consolidada?

No início tivemos alguns problemas, mas atualmente a rede está consolidada e funcionando muito bem. Por isso, devemos manter os 16 grupos econômicos que a mantêm. São apenas 16 grupos e isso facilita muito as operações. Nos reunimos numa sala e resolvemos qualquer eventual problema rapidamente. Este ano vamos fechar com 60 pontos de atendimento e chegaremos a 70 no ano que vem. Paralelamente devemos ter umas 30 lojas exclusivas TRP em todo o país.

A TRP tem acompanhado o sucesso da empresa mãe?

Os resultados da TRP são excelentes. Este ano ela mostra um crescimento de 65%, fruto de sua excelente aceitação pelos clientes. O fato é que ela oferece garantia de um ano e disponibiliza 2 mil peças. Seu faturamento deve chegar aos R$ 120 milhões, já um terço do total vendido em peças. 

Qual o balanço que a DAF faz de sua participação na Fenatran?

Excepcional. Registramos nada menos que 8 mil reservas de compra. Se repetirmos o índice de conversão de 2019, cerca de 70%, devemos comercializar 5,6 mil caminhões. Tivemos a visita de 1.934 clientes, dos quais 350 eram novos clientes. E melhor, acabamos com o estoque de 1.500 caminhões Euro 5.