Volvo prevê ano de cautela para setor
As perspectivas para a indústria de veículos comerciais no Brasil não são nada boas para a diretoria da Volvo Brasil. O número de caminhões acima de 16 t emplacados não deve passar de 75 mil unidades, quantidade 22,7% abaixo das 97 mil registradas em 2022.
O resultado é fruto dos aumentos generalizados dos insumos – até 180% no caso do aço -, das incertezas da economia, da política, da reativação de impostos zerados até agora e o próprio custo de implantação da nova tecnologia Euro 6.
Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo na América Latina, diz este será um ano de grandes desafios. Ressalte-se que a previsão de recuo de 22,7% leva em conta a situação atual. Se houver o retorno do IPI e impostos que zeraram ou baixaram no último ano. Cruzemos os dedos.
Mas, como a esperança é a última que morre, Lirmann diz que tudo é possível, embora as possibilidades sejam remotas. Além do aumento dos preços dos veículos pesados e semipesados, a área de atuação da empresa, reflexo das dificuldades de suprimento (semicondutores principalmente), há uma redução de consumo pela população e diminuição da movimentação das cargas de distribuição, incrementada pela crise dos grandes varejistas.
Portanto, um possível realinhamento de preços dos veículos é difícil, pois todos tentaram reajustar o mínimo para preservar a posição de participação no mercado. “Vamos fazer de tudo para manter nosso market share, mas não podemos controlar o mercado consumidor nem o agronegócio que também depende de muitos fatores”, conclui Lirmann.
Feliz Ano Velho
Em 2022, a Volvo conquistou a liderança nas vendas de pesados e semipesados no Brasil registrando participação de 23% do mercado de caminhões acima de 16 toneladas. O total de unidades chegou a 24.093 veículos.
Outras proezas foram o pentacampeonato em vendas do cavalo mecânico FH 540, o mais vendido do mercado, e o crescimento de 38% dos emplacamentos do semipesado VM. Foram vendidas 8.700 unidades, com a liderança do VM 270.
No geral as coisas foram boas na revisão dos resultados de 2022. Os caminhões vocacionais também foram bem, obrigado. Crescimento de 46%, incluindo as evoluções de 80% no setor de construção e 70% no segmento de mineração.
E mais, os pontos de atendimento nos chamados Extreme Services, pontos remotos, cresceram de 32 para 59. Os remanufaturados saltaram 35% e os planos de serviços 27%. “Hoje oito em cada dez caminhões saem de fábrica com algum programa de serviço”, calcula Alcides Cavalcanti, diretor executivo de Caminhões da Volvo do Brasil.
O dirigente ressalta as ações no segmento de serviços como e-commerce, seminovos, novos e planos de manutenção que geraram R$ 100 milhões em negócios no ano passado. “Entre os transportadores que aderiram à categoria de clientes digitais, 30% deles foram de não clientes anteriores da rede”, comemora Cavalcanti.
A evolução da profissionalização da clientela se apoia no rol de diferentes tipos de serviços. “Este ano estamos comemorando 35 anos do Programa Volvo de Segurança no Trânsito e dando início da prática da norma 30.001 em 10 empresas de transporte”, anuncia Alcides.
Segmento de ônibus reage
O segmento de ônibus Volvo também apresentou excelente desempenho em 2023, o crescimento de vendas foi de 94% na América Latina. “O continente representou 34% dos negócios globais da Volvo Buses”, observa André Marques, presidente da Volvo Buses Latin America.
O executivo enfatiza que a boa performance do novo chassi rodoviário B 510 R é certa. “No ano passado emplacamos 658 unidades no Brasil e com o B 510 R devemos avançar ainda mais este ano”, diz Marques.
O segmento foi o que mais sofreu com a pandemia de Covid 19 e agora deve repor o mercado reprimido pela queda abrupta do ipk durante a fase mais restritiva do distanciamento social. No âmbito internacional, o lançamento do chassi 100% elétrico BZL é outra esperança de recuperação do setor.
VSF cresce quase 50%
Já Carlos Ribeiro, presidente da VSF – Volvo Serviços Financeiros, fechou a carteira em 2022 com ativos de R$ 18,3 bilhões, um crescimento lacrado de nada menos que 45%, com avanços em todos os serviços da área.
Os financiamentos representaram 37% dos negócios e 38% das vendas de veículos Volvo. Os seguros garantiram R$ 152 milhões de caixa e os consórcios alcançaram R$ 1,7 bilhões. “E a Locadora Volvo já está mostrando os frutos de seu lançamento: 200 unidades já estão em operação pelo sistema”, anuncia Ribeiro.
Wilson Lirmann espera superar as dificuldades deste ano com os produtos econômicos e confiáveis e o extenso elenco de serviços oferecidos para que os clientes garantam a melhor rentabilidade possível ao negócio. Mas, acima de tudo, diz que a montadora atuará com toda a cautela que o momento exige.