Scania 100% biometano roda em Londrina
A cidade de Londrina, na região nordeste do Estado do Paraná, teve hoje (quarta-feira dia 7 de junho) a primeira demonstração completa de uma operação real com ônibus urbano 100% movido a biometano.
A demonstração inédita faz parte do projeto conduzido pela Compagas – Companhia Paranaense de Gás em conjunto com a fabricante Scania, em parceria com a Prefeitura Municipal de Londrina.
O objetivo é o de certificar os indicadores de eficiência como a redução nas emissões de poluentes na utilização do veículo. Nos próximos 30 dias, o veículo estará numa demonstração urbana pela primeira vez abastecido 100% a biometano. O combustível é renovável e limpo, e contribui diretamente para as metas de sustentabilidade.
Iniciativa pioneira em um ônibus urbano
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, participou do lançamento da ação nesta quarta-feira e destacou que esse é um importante passo para a promoção de ações mais sustentáveis. “O ônibus movido a biometano coloca Londrina em posição de destaque no país, sendo a primeira na demonstração no transporte coletivo regular urbano.”
“Queremos produzir o biometano localmente gerando energia para nossa população e, em especial, para nossas indústrias visando transformar o município na primeira cidade industrial sustentável do Brasil”, disse ele.
Parceria inclui Scania, Compagas e Prefeitura
A ação em Londrina é a terceira realizada pelo projeto conduzido pela Compagas e Scania, em 2023. As primeiras demonstrações foram feitas na Região Metropolitana de Curitiba, com o Governo do Paraná, e na capital, com a Prefeitura de Curitiba. Estas já demonstraram a viabilidade da utilização do veículo movido a GNV em linhas complexas e extensas, garantindo autonomia e menor emissão de poluentes.
O CEO da Compagas, Rafael Lamastra Jr., explica que o gás natural e o biometano são fontes de desenvolvimento para o Paraná e são energias capazes de contribuir com as metas de sustentabilidades das grandes cidades.
“O gás é a energia do presente, com tecnologia pronta para ser utilizada aqui e agora e contribuir para o meio ambiente. A nova ação é muito importante para a Compagas para reunir novas informações sobre o veículo e o combustível, e sobre o perfil de Londrina, cidade que está no plano de expansão da Companhia, visando uma economia para o sistema de transporte coletivo, a redução de emissões de poluentes e uma atividade cada mais sustentável”, destaca Lamastra Jr.
Alternativa de motor biometano é 100% renovável
O veículo a gás em demonstração é o mesmo que já circulou pelas ruas de Curitiba e região metropolitana. Em Londrina, será abastecido com o biometano, um gás 100% renovável, obtido a partir da produção do biogás, que por sua vez é gerado da decomposição de matéria orgânica de origem vegetal ou animal.
Quando submetido a um processo de purificação, o biogás dá origem ao biometano e este é comparável em condições técnicas ao gás natural, já que após o refino, atinge alta concentração de metano em sua composição.
Potencial de produção chega a 2 milhões de m³/dia
Até agora, o biometano, que chega hoje à Londrina, é produzido a partir de subprodutos do setor sucroenergético, e revendido pela Gastech, que comercializa o GNV em Londrina.
“O Paraná tem um potencial gigantesco de produção de biometano (cerca de 2 milhões de m³/dia) e com esse teste também mostramos, na prática, que é possível viabilizar a utilização local da energia gerada pela agroindústria, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, nas frotas do transporte coletivo das cidades, gerando economia circular, emprego e renda aos nossos municípios”, completa Lamastra.
“Londrina entra para a história da mobilidade mais sustentável nesta primeira demonstração completa numa operação real no transporte de passageiros urbano, com o ônibus movido 100% a biometano, sendo observado durante um mês por todos os critérios de avaliação de um órgão gestor. Dessa forma, haverá uma análise completa, e não um pequeno período de testes”, salienta Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania Operações Comerciais Brasil.
O ônibus a gás será testado em linhas operadas pela Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), com o acompanhamento da Companhia Municipal do Trânsito e Urbanização (CMTU), pelo período de 30 dias a partir do dia 12 de junho. A cada semana o veículo estará em uma linha diferente.
Estudo de viabilidade econômica é fundamental
O diretor-presidente da CMTU, Marcelo Cortez, explica: “Precisamos conhecer a efetividade do veículo numa cidade com as características como a nossa e saber exatamente que quantidade de combustível seria necessária à operação”.
Com a utilização dos veículos a gás é possível reduzir de forma significativa a emissão de gases poluentes na atmosfera e, quando se trata de biometano, essa redução é de 90%, quando comparado ao uso de veículos a diesel.
Os benefícios do uso do gás no transporte público também estão ligados diretamente à saúde da população. A redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e de material particulados chega a 85%. Os efeitos são de curto prazo, com um menor índice de doenças cardiovasculares e da perda de produtividade causada por esses poluentes.
Já Rodrigo de Oliveira, diretor-geral da Grande Londrina, diz que a empresa apoia ações que priorizam a sustentabilidade. “Toda iniciativa que possibilite colaborar com a preservação do meio ambiente e com a saúde da população, tem o apoio da TCGL. Para nós, é um privilégio participar deste projeto piloto ao lado de parceiros tão importantes que têm um compromisso com a evolução do transporte público.”
Motor é do ciclo Otto, como o dos carros à gasolina
O ônibus em questão é um padron K 280 com 14 m de comprimento e capacidade para 86 passageiros. É equipado com elevador e espaço para cadeirantes.
O motor é do ciclo Otto e movido 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos. Não é convertido do diesel para o gás, tem garantia de fábrica, tecnologia confiável e segura, desempenho consistente e força semelhante ao similar a diesel, além de ser mais silencioso. Nele foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km.
A segurança é total em caso de acidentes ou explosão. Os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis).