Com certeza os caminhões autônomos assumirão as tarefas mais severas ainda hoje cumpridas por motoristas em jornadas de ações repetitivas e fatigantes. Esses autônomos permitirão que os condutores reforcem os quadros de operação dos veículos pesados nas estradas, hoje profissionais cada vez mais difíceis de achar.

Uma das montadoras em estágio mais avançado na área, a Mercedes-Benz, apresentou os três sistemas de automação que desenvolve em um Experience Day realizado no CTVI – Centro de Testes Veiculares, em Iracemápolis, SP.

No campo, patrocinado por uma parceria entre Mercedes-Benz e Bosch, foram demonstrados sistemas de operação de três diferentes sistemas de automação para aplicação nas aplicações do agronegócio, indústria e críticas em segurança como as de mineração subterrânea e em locais remotos, que não contam com o apoio da internet.

A ideia é a de fornecer equipamentos que proporcionem um grande salto de produtividade e segurança. Também leva em conta a crescente escassez de motoristas, reservando para eles atividades rodoviárias de transferência, deixando as operações inbound, de plantio e colheita fora de estrada na agricultura e de alto risco, como as de mineração, especialmente as subterrâneas, para veículos inteligentes.

Muitas vantagens

São muitas as vantagens já constadas pelos usuários desses veículos autônomos. Na agricultura, os veículos semiautônomos já são sucesso. Desenvolvido em parceria com a Grunner, de Lençóis Paulista, SP, o chassi Axor é transformado em máquina agrícola e mostra números surpreendentes.

Tanto assim que a máquina já conta com mais de 1.100 unidades vendidas. Um grande sucesso nos talhões de cana-de-açúcar. Além de um consumo 50% menor que um trator, a máquina montada sobre o chassi Mercedes-Benz consegue uma produtividade mais que duas vezes superior que a dos tratores.

A bitola de 3 metros elimina o pisoteio das mudas e é garantia total de rebrota das carreiras da planta, reduzindo totalmente as perdas anteriormente verificadas. Resultado menos retrabalho, maior produção, previsibilidade e melhor qualidade da colheita.

 Numa engenharia financeira cuidadosa, a máquina continua semiautônoma para oferecer um custo de operação mínimo e proporcionar a máxima rentabilidade ao usuário. O motorista apenas atua nas manobras. O embarque de tecnologia para transformar o veículo em autônomo já existe, mas aumentaria muito o custo inicial.      

Liderança

“Os números de mercado comprovam que estamos no caminho certo. A Mercedes-Benz possui a maior frota de caminhões semiautônomos já em operação no Brasil. São mais de 1.100 unidades em circulação das smart machines da Grunner na colheita da cana-de-açúcar, além de outras aplicações no campo”, destaca Marcos Andrade, gerente sênior de Marketing de Produto Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.

O sucesso foi tanto que o CEO da Grunner, Denis Arroio, apresentou a versão cerealista da máquina na última Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada em Ribeirão Preto, SP. “Foram os produtores de soja que sugeriram a nova versão”, disse Arroio.

Autônomos

Já os veículos 100% autônomos estão sendo desenvolvidos em parceria com a Lume Robotics, especialmente para operações industriais indoor em centros de distribuição, fábricas e podem atender até movimentações portuárias de contêineres.

Além de dispensar totalmente a necessidade de motorista, o autônomo identifica obstáculos, sejam eles físicos, como um automóvel estacionado, ou uma pessoa em movimento de atravessar a rua – casos em que desvia a trajetória ou para completamente.       

“Atualmente, temos o nosso Atego autônomo junto com a startup Lume Robotics, que opera com sucesso na logística interna e em operações confinadas”, diz Marcos Andrade, gerente sênior de Marketing de Produto Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.

Uma operação autônoma acontece na Ipê, fabricante de produtos de limpeza, e corresponde aos anseios da empresa. No pátio da Ipê o estacionamento autônomo possibilita que cada semirreboque seja posicionado a apenas 3 centímetros do outro, aumentando a capacidade do pátio, diminuindo o número de incidentes, abalroamentos e danos.

Produtividade

“Um ótimo motorista estaciona em uma doca em 3 minutos, um bom motorista em 7 minutos e um motorista normal gasta 11 minutos. O autônomo leva os mesmos 3 minutos do ótimo motorista as 24 horas de operação. Mas, até o ótimo motorista se cansa”, afirmam os técnicos.

Esta é principal diferença, nas operações repetitivas, entre homem e máquina. Enquanto isso, nas transferências outdoor, o motorista tem feito muita falta nas estradas. A dificuldade de as transportadoras e operadores logísticos contratarem motoristas é cada vez maior.

Em tarefas muito mais confortáveis que as desgastantes operações repetitivas e fatigantes, mesmo em ambientes controlados, a adesão aos autônomos é totalmente justificável. Muitos operadores logísticos gostariam de deslocar esses motoristas para os serviços de transferência.

A Mercedes-Benz não vende apenas os veículos, mas oferece um sistema operacional. Além do veículo o cliente conta com a consultoria especializada no ecossistema de tecnologias de automação, com entrega de soluções customizadas. Isso inclui visitas à operação do transportador, a fim de indicar qual o melhor veículo e o serviço que melhor atenda sua necessidade.

Radio controlados

Na escala de valores, o sistema de veículos autônomos é o mais valorado, enquanto o segundo lugar fica para os caminhões rádio controlados e o mais em conta é o semiautônomo. Coloquemos uma virgula, um semiautônomo para 30 toneladas pode chegar aos R$ 3 milhões.  

Existem também os caminhões rádio controlados para operações robustas, inóspitas e perigosas em áreas de difícil acesso. Situações típicas dos segmentos de construção pesada, mineração.

Os veículos são controlados por joysticks desde poucos metros de distância até em casos mais específicos, dentro de salas de controle a longa distância.

Neste caso especialmente em operação que precisa ser remota por motivos de segurança. Em minas que requeiram explosões controladas, por exemplo.

Várias opções

A Mercedes-Benz detém a maior frota de caminhões com tecnologias de automação em circulação no Brasil, mais de 1.100 unidades em atividade, principalmente pela variedade de opções que oferece.

“Ainda mais caminhões da marca com essas tecnologias deverão chegar ao mercado em 2024, para operações em áreas como mineração, agronegócio, construção, indústria e logística, além de várias outras”, promete Andrade.

Hoje, as tecnologias de automação estão disponíveis para todos os caminhões Mercedes-Benz BlueTec 6 – Accelo, Atego, Actros e Arocs -, tanto os caminhões semiautônomos e autônomos, quanto as operações via rádio controle. O Centro de Customização da própria Empresa é quem prepara os veículos para as necessidades dos clientes, porque cada demanda é única e exige a solução específica.