Clientes MB testam caminhão a hidrogênio

Clientes MB testam caminhão a hidrogênio

A Daimler Truck inicia mais uma etapa rumo ao cumprimento de seu objetivo – oferecer apenas veículos neutros em CO2 até 2039 – com o início das operações de veículos a célula combustível de hidrogênio em linhas regulares de potenciais clientes.

As operações acontecem em linhas de longas distâncias com caminhões pesados.  Isso ocorre depois de uma fase de desenvolvimento no qual os veículos foram postos a prova em pistas e vias públicas.

O veículo em questão é o Mercedes-Benz GenH2, que agora chegam ao estágio avançado de desenvolvimento, sendo implantados nas primeiras frotas de clientes.

Informações

Martin Daum, presidente do Conselho de Administração da Daimler Truck, e Hildegard Müller, presidente da Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA), comemoraram o início dos testes dos cinco protótipos de caminhões Mercedes-Benz GenH2 com célula de combustível.

As frotas escolhidas para a tarefa foram as das empresas Air Products, Amazon, Holcim, INEOS e Wiedmann & Winz. Esses clientes terão a oportunidade de adquirir experiência prática no transporte de longa distância, numa fase inicial experimental de cerca de um ano, com caminhões movidos a célula de combustível.

Enquanto isso, a equipe de desenvolvimento da Daimler Truck faz a compilação de informações valiosas sobre as operações reais de caminhões movidos a hidrogênio líquido e sobre os requisitos específicos dos clientes, podendo levar tudo isso em conta para o desenvolvimento da produção de série.

Alternativa

Os cinco GenH2 Trucks serão utilizados em diferentes aplicações de longa distância em rotas específicas na Alemanha, atingindo segmentos como o de transporte de materiais de construção, contêineres marítimos e até mesmo gases em cilindros.

Durante esses primeiros testes com clientes, os veículos permanecerão sob a supervisão e responsabilidade direta da fabricante. Os caminhões serão reabastecidos nos postos de abastecimento de hidrogênio líquido (sLH2) designados em Woerth am Rhein (Renânia-Palatinado) e, em breve, na área de Duisburg (Renânia do Norte-Vestefália).

“Quando se trata de descarbonizar o transporte, estamos nos concentrando em propulsores elétricos à bateria e baseados em hidrogênio. A transformação só pode ter sucesso se a energia verde estiver disponível de forma suficiente e abrangente – e para isso precisamos de ambas as tecnologias”, observa Daum.

Hidrogênio em alta

“Com relação aos propulsores a hidrogênio, estamos dando outro passo importante em direção à preparação para a produção em série com o início dos testes dos nossos caminhões Mercedes-Benz GenH2 em operações de transporte diárias reais”, comenta.

Para o executivo, é importante observar que veículos neutros em CO2 por si só não serão suficientes para tornar o transporte sustentável. Isso também requer uma infraestrutura de carregamento e reabastecimento correspondente, bem como paridade de custos com veículos convencionais.

“Embora os formuladores de políticas e as empresas de energia já estejam ativos aqui, precisamos urgentemente de ainda mais impulso, em toda a Europa”, pondera ele.

Infraestrutura

Já para Hildegard Müller, o potencial de todas as tecnologias disponíveis deve ser explorado no caminho para a mobilidade neutra de emissões. “Quando se trata de veículos comerciais pesados, a mobilidade elétrica não pode ser equacionada exclusivamente à propulsão à bateria”.

Müller sugere que a propulsão por célula de combustível alimentada por hidrogênio também deve ser considerada como parte da diversidade de tecnologias disponíveis. As fabricantes já têm os modelos correspondentes em desenvolvimento e produção, e agora as condições da estrutura política devem finalmente ser criadas.

“Uma rede baseada nas necessidades de postos de abastecimento de hidrogênio e infraestrutura associada que devem ser construídas urgentemente. Há uma necessidade de ação dos políticos, da Agência Federal de Redes Alemã e da indústria de energia.”

Rotas regulares

Os cinco cavalos mecânicos e seus respectivos semirreboques serão utilizados pelos clientes em várias aplicações de longa distância durante o período de teste. A Amazon usará o GenH2 Truck em suas operações de logística na Alemanha, enquanto a Air Products para o transporte de gases de cilindro.

Por sua vez, a Wiedmann & Winz utilizará o veículo no transporte de contêineres e a Holcim para logística de materiais de construção. Por sua vez, a Vervaeke – a empresa de logística da INEOS – usará o cavalo no transporte de PVC e vinil. O Mercedes-Benz GenH2 apresenta desempenho comparável ao de caminhões convencionais para longas distâncias

Carga útil

A engenharia de desenvolvimento da Daimler Truck baseou-se no Actros para a concepção do GenH2. Tanto em termos de carga útil, alcance e desempenho. Os GenH2 serão usados nesses primeiros testes com clientes, oferecem uma carga útil de aproximadamente 25 toneladas, com um peso bruto total combinado de 40 toneladas.

Os veículos apresentam dois tanques especiais de hidrogênio líquido e um poderoso sistema de célula de combustível da Cellcentric, a joint venture da Daimler Truck e do Grupo Volvo, que permitem alta carga útil e longo alcance. Eles representam a peça central do GenH2.

O sistema de célula de combustível do GenH2 fornece 300 quilowatts (2 x 150 kW), enquanto a bateria fornece 400 kW adicionais temporariamente. A 70 kWh, a capacidade de armazenamento da bateria é relativamente baixa, uma vez que não se destina a atender às necessidades de energia, mas sim fornecer suporte de energia situacional para a célula de combustível durante picos de carga ao acelerar ou ao dirigir em subidas com o veículo totalmente carregado.

Evolução

A bateria relativamente leve permite uma carga útil maior. Ela é recarregada com energia de frenagem e excesso de energia da célula de combustível.

Outro elemento central da estratégia operacional do sistema de célula de combustível e da bateria é um sistema de resfriamento e aquecimento que mantém todos os componentes em uma temperatura operacional adequada, garantindo assim máxima durabilidade.

Em uma versão pré-série, os dois motores elétricos são projetados para um total de 2 x 230 kW de potência contínua e 2 x 330 kW de potência máxima. Dessa forma, o caminhão GenH2 fornece um torque de 2 x 1.577 Nm ou 2 x 2.071 Nm.

Os dois tanques de hidrogênio líquido de aço inoxidável do GenH2 têm uma capacidade de armazenamento particularmente alta de 88 quilos (44 kg cada), perfeitamente adequados para percorrer longas distâncias. O sistema do tanque de aço inoxidável consiste em dois tubos, um dentro do outro, que são isolados a vácuo e conectados entre si.

Autonomia elevada

A Daimler Truck deu preferência ao hidrogênio líquido porque essa condição resulta numa densidade de energia bem maior. Como resultado, é possível transportar mais hidrogênio, aumentando significativamente a autonomia.

A configuração tem como modelo o Actros movido a diesel convencional. O desempenho, portanto, deve levar o GenH2 a uma autonomia de 1.000 quilômetros.

Outras vantagens dos tanques de hidrogênio líquido estão ligadas ao custo e peso, em comparação com o hidrogênio gasoso comprimido, permitindo uma carga útil maior. Isso torna o Mercedes-Benz GenH2 tão adequado para o transporte rodoviário de longa distância quanto os caminhões a diesel convencionais.

Em setembro de 2023, a Daimler Truck demonstrou esse êxito quando um protótipo aprovado para vias públicas do Mercedes-Benz GenH2 concluiu o #HydrogenRecordRun, cobrindo 1.047 km com apenas um tanque de hidrogênio líquido a bordo.

Expectativas

Para o presidente e CEO da Air Products, Seifi Ghasemi “testar um Mercedes-Benz GenH2 em condições reais é uma etapa fundamental em nosso trabalho, a fim de converter nossa frota de distribuição em veículos movidos a hidrogênio”.

Andreas Marschner, vice-presidente de Serviços de Transportes da Amazon, afirma que a empresa segue firme no compromisso com o Climate Pledge para atingir zero emissões de carbono em suas operações até 2040.

“A descarbonização da nossa rede de transporte desempenha um papel crucial para atingir esse marco e continuamos a investir, experimentar e inovar. Estamos ansiosos para apoiar a equipe de desenvolvimento da Daimler Truck”.

Questão de peso

John H. Landwehr, da Gerdes+Landwehr, parceira do Grupo Holcim, acrescenta que nas operações logísticas, a carga útil sempre desempenhou um papel significativo em termos de pegada de CO2 e eficiência.

“Após testes extensivos com caminhões elétricos à bateria, estamos muito animados para continuar o caminho para o transporte sustentável do futuro com um caminhão movido a hidrogênio”.

Enquanto isso, Wouter Bleukx, diretor de Negócios de Hidrogênio na INEOS Inovyn, está muito feliz em fazer parte dos testes que utilizam tecnologia de célula de combustível. “O hidrogênio é uma solução de energia revolucionária que transformará o transporte”.

Uma revolução

Frédéric Derumeaux, CEO da Vervaeke, também está animado com o projeto, que se encaixa com a estratégia da empresa de reduzir drasticamente as emissões de CO2.

“Movimentar caminhões pesados usando hidrogênio líquido é um passo revolucionário e decisivo. Como uma empresa líder em transporte, desempenhamos um papel importante e essa colaboração única com a INEOS e a Daimler Truck nos ajudará a testar uma logística verdadeiramente livre de emissões”.

Dr. Micha Lege, Diretor Gerente da Wiedmann & Winz de Geislingen, afirma que a empresa sempre se interessou por inovações. Não é a toa que a Wiedmann & Winz foi uma das primeiras a investir em telemática e digitalização em transporte com o Fleetboard da Mercedes-Benz.

“Usamos recentemente um eActros 300 em operações diárias de transporte. Agora, estamos ansiosos para dar o próximo passo e testar um caminhão de longa distância com acionamento por célula de combustível de hidrogênio”.

revtransporte

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